Meus dias com Deleuze & Guattari (REFLEXÕES SOBRE O ÂNUS)
Por Júlio César Sanches*
Salvador, 17 de Julho de 2011
Desconfiar de si, interrogar os sentidos e usos do humano, essa é propositura que aprendi com Gilles Deleuze e Félix Guattari. O corpo é a instiuição onde reside a existência fenomenológica dos sentidos, mas subverter o corpo é questionar o uso ou ir além de deus devires? Um ponto da teoria de Deleuze & Guattari me incomoda muito. Eles me convidaram para construir um Corpo sem órgão. Não quer dizer que os órgãos são extirpados do nosso corpo, mas o conjunto de saberes (ou epistemologia) pode ser questionado em sua própria fundamentação existencial. Enquanto homossexual, meu ânus é um órgão sexual, o meu ânus existe para além da funcionalidade excretora. O ânus que faz parte de um CsO (Corpo sem órgãos) é um ânus dinâmico, é um espaço aberto para a sacralização de um desejo. E agora? meu ânus já não é o espaço da castração sexual heteronormativa, será que consegui construir para mim um CsO? Deleuze & Guattari me dizem NÃO! O CsO é aquele que chega ao seu limite, é um limite destrutivo, um lócus do impensável, do grotesco, de um devir-animal....
Meus dias vão passando, minhas inquietações teóricas vão aumentando, mas a orgia teórica que me proponho resgata o ânus ao espaço de uma celebração esquizofrênica de desejo e abjeção. ÂNUS, ESPERMA, FEZES, SUOR, BOCA E COMIDA...essa é a fórmula que buscava pro meu CsO. Um corpo que não será meu, mas será ofertado a todas as pessoas que buscam a pulsão metafisica de ser ou estar em profunda desordem na organização orgânica do corpo, na desordem do próprio ser.
*Júlio César Sanches é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela UFRB e membro do Coletivo AQUENDA! de diversidade sexual.
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