“O Diário de Márcia” leva discussão LGBT à Câmara Municipal
Numa sessão especial na Câmara Municipal de João Pessoa, nesta quarta-feira (3), às 16h30, será exibido o curta-metragem “O Diário de Márcia”, documentário de 20min dirigido por Bertrand Lira, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O filme é mais um produto da Cooperativa Filmes a Granel que foi criada para viabilizar obras audiovisuais de baixíssimo orçamento.
Esse documentário apresenta um relato pessoal e intimista da pedagoga e cerimonialista da Câmara Municipal de João Pessoa, Márcia Gadelha, transexual paraibana, 46 anos, que conta o dilema de viver o universo feminino num corpo de homem. Ela será a primeira transexual a ser submetida na Paraíba ao procedimento de mudança de sexo pelo Sistema único de Saúde (SUS). A partir do ponto de vista da própria protagonista, documenta sua história utilizando uma narrativa em tom intimista nos moldes de um diário, em primeira pessoa, onde Márcia “faz anotações” de momentos importantes de sua existência: a infância, a adolescência e a fase adulta.
Após a exibição, será realizado um debate com o diretor do filme Bertrand Lira, a personagem do título Márcia Gadelha, funcionária da Casa, os professor Nelson Gomes Júnior, chefe do Departamento de Ciências Jurídicas da UFPB; José Neto, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB; o vereador Bira, autor da propositura; a vereadora Sandra Marrocos, presidente da Frente Parlamentar de Combate à Homofobia; a ambientalista e ex-vereadora Paula Frassinete; Simone Jordão, presidente da Funad; Luciano Bezerra, presidente do MEL - Movimento do Espírito Lilás; Tânia Brito, da Ouvidoria do Município e Iraê Lucena, presidente do Centro de Referência da Diversidade Humana do Estado.
Para o crítico de cinema João Batista de Brito, “a dramática e cativante figura de Márcia já seria suficiente para tornar qualquer filme interessante, porém, o grande lance no filme de Bertrand Lira é que ele, para se afirmar como cinema, não se rende completamente ao conflito de que partiu. Se se rendesse, seria tão somente um registro jornalístico. E não é. Na verdade, o seu mérito maior consiste em um sutil e indescritível equilíbrio entre o mimetismo realista e a invenção fílmica.”
Com esta obra audiovisual, Bertrand Lira pretende colocar a discussão sobre a violência social contra os que agem e pensam diferente. “Discutir essa questão se reveste de importância no contexto atual de luta e militância pela aceitação e afirmação social dos grupos LGBT. Além do conteúdo pedagógico que a proposta se reveste, pois o desconhecimento do outro gera o medo, o preconceito e a violência”, conclui o cineasta que também assina o argumento e roteiro do filme.
O documentário tem o apoio do Sebrae-PB, Núcleo de Produção Digital (NPD-PB), Aliança Francesa e Pigmento Cinematográfico. Com ele, Bertrand finaliza sua trilogia sobre a intolerância sexual iniciada com dos documentários “Homens” (2008), co-dirigido com a capixaba Lúcia Caus, e “O Rebeliado”, seu primeiro longa-metragem, patrocinado pelo Fundo Municipal de Cultura (FMC).
Contatos: Bertrand Lira (83) 8877-4747
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