Deveria ser um dia como outro qualquer. A juventude se reúne para encontrar @s amig@s, conversar, paquerar, tomar seus “bons drink”[1], closar e aproveitar de um espaço público, de socialização e lazer.
No entanto, no Centro de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, no espaço conhecido por Praça do Bispo, especificamente nas quartas-feiras, a história é diferente. Encontramos a juventude revoltada com as constantes batidas policiais.
O que não é de se estranhar é que essas batidas policiais são intensificadas às quartas-feiras, dia em que a Juventude LGBT se socializa na praça que fica em frente a única boate GLS de João Pessoa (local privado que muitos, quer seja por sua idade e/ou por sua classe social, são impedidos de entrar).
A Juventude LGBT sofre duplamente, pois vivemos em uma sociedade adultocêntrica e homofóbica, isto é, uma sociedade que valoriza as pessoas adultas e a heterossexualidade, em detrimento de outras formas de expressão das afetividades e das sexualidades. (não só, claro - também valoriza os homens, brancos e ricos). Por quê? Porque as pessoas que dominam essa sociedade são adultas e heterossexuais (além de serem homens, brancos e ricos).
Na ultima quarta-feira, 18-05-2011, a recém criada Comissão de Diversidade Sexual da OAB PB (Ordem dos Advogados do Brasil) presenciou a repressão e opressão que a polícia militar paraibana vem destilando sobre essa juventude. A polícia que deveria se fazer presente para zelar pelas pessoas e pelo patrimônio público, coibir atos de vandalismo, desrespeito, violação da integridade física, moral e psicológica. É justamente esta polícia que vem agredindo, extorquindo, ameaçando e violentando a população jovem LGBT. Também foram constatadas denúncias da existência de uma milícia[2] que também vem ameaçando e agredindo essa população.
Os movimentos LGBTs da cidade já denunciaram para algumas das secretarias, tanto do município como do Estado, os constantes ataques sofridos por esses/essas jovens. Pressionando para que as conquistas da Juventude LGBT obtidas na Conferência Nacional da Juventude fossem atendidas
Segundo Deco Ribeiro[3], os representantes da Juventude LGBT na Conferência Nacional de Juventude quebraram a cabeça pra selecionar apenas quatro dentre as quase 20 propostas “gays” apresentadas. No final, ficou claro que adolescentes e jovens LGBT querem segurança - na escola e na rua - e visibilidade.
Entre essas quatro propostas a que mais sensibilizou os demais jovens da Conferencia foi a de Incentivar e garantir à SENASP/MJ a inclusão em todas as esferas dos cursos de formação dos operadores/as de segurança pública e privada em nível nacional, estadual e municipal o atendimento, abordagem e aprendizado ao respeito à livre orientação afetivo-sexual e de identidade de gênero com ampliação das DECRADI – delegacia de crimes raciais e delitos de intolerância. Afinal, Todos lá sentem na pele como a juventude é criminalizada, é automaticamente culpada de qualquer coisa.
No caso d@s LGBTs, é preciso que o Estado crie políticas de segurança pública que garantam segurança em espaços de socialização, com policiais capacitados para respeitar a diversidade e para o combate à homofobia.
Neste contexto, os Movimentos LGBTs da Paraíba tem um grande desafio: de rearticular, conquistar e pautar esse debate dentro de suas atividades. Precisamos organizar a nossa atuação pautada nos interesses da juventude. Temos um longo caminho pela frente, como afirma Vinicius Alves[4]
“Temos muito o que percorrer, muitos soldados a conquistar, muitas batalhas por enfrentar, para que só então consigamos alcançar com eficácia e méritos uma Juventude de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais protagonista, politizada e de luta” [5]
Texto de Bruninho Rapchaell (Membro do Núcleo Universitário pela Diversidade Afetivo Sexual - NUDAS e nas horas vagas estudante de Serviço Social pela UFPB e de Tecnologia em Negócios Imobiliários pelo IFPB.
[1] Expressão utilizada pela Diva do youtube Luisa Marilac
[2] Milícia é a designação genérica das organizações militares ou paramilitares compostas por cidadãos comuns, armados ou com poder de polícia que teoricamente não integram as forças armadas de um país.
[3] Deco Ribeiro é Diretor Executivo do site http://www.e-jovem
[4] Vinícius Alves é Militante do Kiu! – Coletivo Universitário pela Diversidade Sexual, Coordenador de Juventude da Associação Beco das Cores (ABC LGBT), representante do Coletivo de Juventude do Fórum Baiano LGBT.
[5] Texto completo disponível em http://vinialves.wordpress.com/2009/03/28/juventude-lgbt-um-panorama-nacional/ (acesso em 21 de maio de 2011)
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